sexta-feira, 28 de maio de 2010

Abstinência

Há sorrisos escondidos em outros olhares.
Impasses, disfarces.
Há sombras reinando na escuridão mais aterrorizante da noite.
Desastres, catástrofes.
Muitas vezes caminho sem saber por onde querer ir.
O chão que eu piso, é forte.
Se eu cair, sangrarei.
E não terei resgate.
Coragem não me falta para seguir em frente.
Independência, liberdade.
Sinergia e vaidade.
Enquanto a ferida sangra, encharca e machuca o peito com uma dor incômoda e indelicada, a lágrima ácida que vem dos meus olhos cai em silêncio.
Rótulos. Surpresas. Decepções.
Fazer o que tem que ser feito.
Provocar as dores que quero sentir talvez não ajude.
A vida é um poço de remorsos.
Um redemoinho de aventuras.
Um ponto infinitesimal de alívio.
Um ponto de partida para a morte.
A vida é indelicada, injusta e devastada.

Josivel Souza.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Rotina

O vai-e-vem da vida de todos os dias é esgotante.
O mesmo comportamento.
As mesmas perguntas.
As mesmas respostas.
Os mesmos rostos eu já não agüento mais.
As mesmas ruas por onde eu já sei andar de olhos vendados.
São as mesmas ruas que eu sempre passo.
São os mesmos passos.
São os mesmos dias, tardes e noites.
Uma rotina frustrante.
Sem sinal de mudança.
O mesmo sol.
A mesma chuva.
A mesma lua.
Os mesmos rostos eu já não agüento mais.
As mesmas roupas.
Os mesmos elogios.
Os mesmos lugares.
Os mesmos rostos eu já não agüento mais.
É preferível fugir, arriscar, omitir, fingir e sumir.
É gostoso sentir perigo.
Alcançar novos sentidos.
Viver sem se preocupar com o destino.
Sentir medo é preferível.
Viver com medo é aceitável.
O inibido fica visível pra quem quiser ver.
Não é impossível.
Não é insano.
Não é impiedoso.
Não são as mesmas regras do dia-a-dia.
É impassível, impávido e impressionante. É justo.
São dias ímpetos, impiedosos e imponderáveis.
Minha rotina é estreita.
Minha rotina é murcha.
Sem beleza, sem cor e sem brilho.
Minha rotina é uma incógnita contida.
Não disfarço.
Não me acanho.
Não faço nada pra mudar.
Cansei de ter dias iguais.
Preciso fugir às vezes.
Arriscar sempre.
Omitir quando necessário.
Fingir para sobreviver.
E sumir. Sumir de tudo. Sumir de todos. Sumir de mim.
É o que eu preciso.


Josivel Souza.